Por coletivo de comunicação do MST na Bahia.
Do Voz do Movimento.
O dia 25 de Julho reconhecido pela ONU é a data que marca a luta das mulheres negras, latino-americanas e caribenhas em busca de uma sociedade justa. E, desde 2014, no Brasil, instituído pela lei 12.987, é também o dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, um instrumento de afirmação da luta das mulheres e de combate ao racismo em todos os espaços.
Dia de relembrar as histórias das tantas outras Terezas de Benguela, das Luizas Mahins, das Dandaras, das Marielles Franco e de todas as mulheres negras, latino-americanas e caribenhas que refletem a luta e resistência nos dias atuais.
É o momento para debater a luta das mulheres negras, que são fundamentais na construção do nosso país, mas que ainda hoje são invisibilizadas e duramente atacadas pela sociedade.
Em 2017, foram constatados 4.936 casos de feminicídio no Brasil, 66% dos casos foram mulheres negras, esse índice aumenta a cada dia, reforçado pelo machismo, racismo, sexismo e a desigualdade sofrida pelas mulheres negras diariamente.
A mulher negra é submetida pelo estado a estar presente nas camadas de baixa renda, com menor nível educacional e viver em ambiente e condições com maior exposição à violência. Dentro e fora de casa travam a luta contra o patriarcado, machismo e racismo todos os dias para sobreviver.
Isso dificulta seu acesso à Justiça, e mesmo quando ela consegue chegar, é vítima de racismo institucional: tem dificuldades de ser ouvida numa delegacia e a contar com medidas protetivas, pois a estrutura é racista.
Para Lucineia Durães, mulher, negra, agrônoma e Dirigente Nacional do MST na Bahia “o dia internacional da mulher negra, latina e caribenha é importante, porque é o momento de rememorar nossas lutadoras, nossas militantes, nossas companheiras que doaram suas vidas em prol de questionar o mundo e a sociedade patriarcal em que vivemos, que é instrumento fundante sustentado pelo sistema capitalista”.
“Por isso nós do campo, especialmente nós mulheres negras do campo, queremos dizer que existimos e resistimos a todas as formas de violência, de todos os latifúndios e questionando a propriedade” afirma Durães.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra na Bahia tem presença significante de mulheres negras que estão firmes na luta, e que tratam esse dia como momento de reflexão, unindo forças com as companheiras da cidade para assim reforçar a luta contra o patriarcado.