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530 famílias acampadas estão sob ameaça de milícia rural na região do extremo sul da Bahia

Na manhã desta terça-feira (04/04), foi determinado o despejo de 530 famílias camponesas moradoras do Acampamento Osmar Azevedo, localizado no município de Itabela/BA.

São centenas de mulheres, idosos, crianças que estão sob ameaça de perderem seus lares e lavouras de milho, aipim, feijão, quiabo, abóbora, maxixe, hortaliças, entre outras, conforme ofício de n.º 037/SPO/2023 – PMBA/7º CIPM que determina o cumprimento de liminar de despejo.

Durante toda a manhã, para realizar a reintegração de posse além da polícia, mais de 35 caminhonetes que pertencem a fazendeiros e que organizam uma milícia rural na região, cercaram a frente do acampamento.

Os milicianos estavam se deslocando para o acampamento a fim de adentrar a área para ameaçar e coagir as famílias, mas a polícia interceptou a ação criminosa e impediu qualquer reação dos milicianos. Insatisfeitos com a ação da polícia, os milicianos tentaram fechar um trecho da BR 101, o que não durou 15 minutos e a polícia desobstruiu a via.

O grupo da milícia rural ainda está nas margens da BR 101, obstruindo a estrada onde dá acesso ao acampamento e ameaçando as famílias acampadas. As 530 famílias seguem na área em resistência, mobilizadas e dispostas a defender a democratização da terra. Moradores e pequenos agricultores de Itabela declaram apoio aos acampados do MST.

Para as famílias Sem Terra a concentração de terra, a sonegação de impostos e a transformação da terra em mercadoria são os principais causadores das desigualdades e flagelos sociais que afetam as famílias trabalhadoras. E as famílias não se intimidam com as ameaças e coação causadas pela milícia rural da região.

 

O combate a fome, o desemprego e as violências só serão, de fato, eficiente quando o estado brasileiro compreender que a Reforma Agrária é um dos principais instrumentos de combate às desigualdades sociais.

Sobre o Acampamento Osmar Azevedo, em Itabela/BA

As famílias de camponeses ocuparam a área no dia 03/02, e desde então vêm organizando suas moradias e plantio de alimentos. As famílias Sem Terra continuam chamando a atenção das autoridades e denunciam a condição de abandono do imóvel que possui terras devolutas, além de não cumprir a função social. Portanto reivindicam ao Estado, através do INCRA, que realize uma ação discriminatória do latifúndio e desapropriar para fins de reforma agrária.

Para Eliane Oliveira, da direção nacional do MST, o estado brasileiro não pode ser omisso frente as desigualdades sociais. Despejar 530 famílias de seus lares, destruir suas lavouras e ocasionar inúmeros transtornos, e não se responsabilizar com o destino destas famílias, além de ser omisso chega a ser irresponsável.

“As famílias trabalhadoras acampadas são responsabilidades do estado. Cumprimento de determinações de despejos, de forma fria e burocrática, tá muito longe de ser uma politica de reparação social e muito menos uma política de fortalecimento da agricultura familiar, responsável pela produção de mais de 80º dos alimentos que chegam na mesa das famílias brasileira”, afirmou Eliane.