Na manhã desta sexta-feira (18), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, se preparou mesmo em quarentena produtiva para receber a Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança Pública, em uma visita ao assentamento Jaci Rocha.
Momentos antes da atividade proposta pelas autoridades dentro do assentamento, os militares cancelaram a vinda a área do MST, diante da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin de acatar nesta quinta-feira (17) o pedido do governador da Bahia, Rui Costa, para a retirada da Força Nacional (FN) dos municípios de Mucuri e Prado. Por decisão de Fachin, o STF deu 48 horas para que a decisão seja cumprida, diante disso a FN deixou o estado e cancelou a programação.
Na programação do dia estava previsto um plantio de árvores nativas e após avaliação das famílias que estavam aguardando, a atividade seguiu mesmo com o cancelamento da FNSP e PF. A direção do movimento diz “ iremos continuar com nossa programação com plantio de árvores e resistindo sempre” afirma.
Dentro da atividade do dia foi feito um momento de extensão da Campanha Nacional de Plantio de Árvores e Alimentos Saudáveis puxada pelo MST no começo desse ano. O plantio foi realizado no bosque da solidariedade nas dependências da escola, construído pelas famílias do assentamento.
Para Meriele Oliveira, Engenheira florestal, Camponesa e Militante, “nesse momento em que estamos passando por uma crise ambiental gravíssima, onde a Amazônia e o Pantanal estão sofrendo com queimadas violentas, nós estamos aqui plantando árvores e mandando um recado em alto e bom som, vamos resistir, e continuar nos organizando para cuidar do planeta e do povo produzindo alimentos saudáveis e plantando árvores” afirma.
Nesta atividade, entre as árvores plantadas o Pau Brasil foi uma delas, com base na lei de 12.651 de 25 de maio de 2012, conhecida como o novo código florestal, o Pau Brasil que é uma árvore nativa do bioma mata atlântica. A lei proíbe o desmatamento, e tenta preservar todas as espécies nativas.
“O Pau Brasil tem uma simbologia imensa no nosso país, a nação herda o nome a partir dessa árvore centenária, e não foi por acaso que escolhemos ela para ser plantada hoje, a história desse país corre por nossas veias, e o MST planta árvores para cuidar da natureza, para contrapor a cultura de destruição do agronegócio e para mostrar o nosso comprometimento com o povo que trilha os caminhos da transformação social” conclui Oliveira.
A atividade foi construída pelas famílias da reforma agrária que estão em quarentena produtiva, em tom de solidariedade, mística e muita resistência.
Campanha Nacional de Plantio de Árvores
Após o lançamento da campanha de Plantio de Árvores e alimentação saudável, que aconteceu e acontece em todo o país, O Movimento Sem Terra na Bahia, já plantou mais de 107.750 árvores nas 10 grandes regiões do estado.
Em todo território baiano em que o MST tem acampamentos e assentamentos, acontece a campanha. Desde revitalização de nascentes, rios, áreas de preservação ambiental, áreas de preservação permanente e reestruturação do bioma.
A meta do MST no estado é plantar mais de 1 milhão de mudas na Bahia inteira. O Movimento Nacionalmente tomou a posição política de plantar árvores em contrapondo aos crimes ambientais cometidos contra a nação e ao entreguismo das soberanias nacionais.
Campanha de Solidariedade
Diante da pandemia do novo corona vírus, o MST se viu na posição de intensificar a campanha de solidariedade, que sempre esteve como prioridade dentro da história do Movimento Sem Terra e neste momento é fundamental para os brasileiros.
Desde de Abril deste ano o MST tem doado alimentos, sangue, agasalhos, marmita, mascaras, álcool em gel e produtos de higiene que ajude a manter a segurança das pessoas em vulnerabilidade.
Hoje, com cerca de seis meses de campanha, o MST na Bahia já doou mais de 512 toneladas de alimentos para famílias da cidade, e essa ação continuará para garantir que as pessoas que se encontram hoje em estado de vulnerabilidade por consequências do novo corona vírus tenham uma perspectiva de sobrevivência.
Por isso, as famílias assentadas e acampadas seguem em quarentena produtiva, organizando as áreas de reforma agrária para ajudar quem precisa e resistindo contra o vírus e a pobreza.