Um grupo de pessoas, ainda não identificado, se levantou contra às famílias com a intenção de tomar o controle do assentamento
Por Coletivo de Comunicação da Bahia
Nesta última quarta-feira (17/2), famílias Sem Terra do assentamento Zumbi dos Palmares, localizado no município de Mucuri, Extremo Sul da Bahia, foram surpreendidas com uma reunião promovida por representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), sem diálogo ou comunicação prévia com a Associação que representa legalmente os assentados.
A reunião ocorreu na área coletiva com a presença de pessoas que não moram no assentamento a convite do órgão, o que gerou um conflito interno entre esse grupo de pessoas e os assentados. O grupo externo se levantou contra as famílias da área com a intenção de tomar o controle do assentamento, retirando e queimando as bandeiras do MST e deslegitimando toda história de luta das 83 famílias que residem na comunidade.
Após o ocorrido, as famílias seguem resistindo às constantes ameaças que deslegitimam a presença dos camponeses e camponesas no território que está ocupado e desapropriado para fins de Reforma Agrária há 18 anos.
Histórico
Essa ação não é isolada. Em 2020, o governo federal determinou a intervenção da Força Nacional de Segurança Pública em áreas de assentamento do MST na região, sem a anuência do governo do estado. A medida ilegal da Força Nacional na Bahia custou aos cofres públicos mais de R$ 328 mil. Um verdadeiro aparato de guerra foi montado, foram deslocados para o município de Prado e Mucuri 100 homens, com mais de 20.139 cartuchos de munição e 197 armas, além de mais de 543 granadas. Em vez de fortalecer a organização das famílias no campo, o governo, a partir do Incra, têm utilizado medidas para desestabilizar e provocar conflitos internos em áreas de reforma agrária.
O Extremo Sul da Bahia sempre foi alvo de especulação das oligarquias locais e do capital financeiro internacional, por possuir terras ricas e férteis. As famílias Sem Terra, indígenas e de outros movimentos denunciam há anos o avanço indiscriminado dos interesses do agronegócio na região, que tem provocado a destruição da Mata Atlântica, contaminação dos rios e nascentes, expulsão das comunidades tradicionais e povos indígenas.
Resistência
Para o dirigente estadual do MST na região, Paulo César, a ação faz parte de mais uma tentativa de criminalização dos movimentos sociais e perseguição às famílias Sem Terra. “Não aceitaremos as ações deste governo fascista que se configura como um ataque às conquistas da classe trabalhadora. Essa é uma região da Bahia onde o MST concentra sua maior força organizada, com as famílias produzindo alimentos saudáveis em defesa da Reforma Agrária e na luta pela transformação social”, explica o dirigente.
Além disso, ele afirma que o MST atua na organização das famílias no campo, lutando por direitos como terra, moradia, saúde, educação e outros, além do fortalecimento da produção de alimentos saudáveis e igualdade social.
Neste momento, as famílias seguem organizadas e em alerta no assentamento Zumbi dos Palmares.