Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Cerca de 80 famílias moradoras do acampamento Palmares localizado no norte da Bahia estão correndo o risco de serem expulsas das terras que vivem há mais de 11 anos, onde cultivam uva, macaxeira e feijão, além da criação de caprino, ovino, avicultura e bovino.
As terras que hoje são cultivadas pelas famílias antes eram utilizadas para facilitar o tráfico de entorpecentes para o exterior. A fazenda faz parte do grupo Mariad Importação e Exportação de Gêneros Alimentícios, a qual seu ex-proprietário o colombiano Gustavo Duran Bautista a utilizava para traficar cocaína dentro das caixas de uvas que eram transportadas para diversos países, não cumprindo de tal forma, a função social da propriedade.
No ano de 2007 o então proprietário foi preso, deixando a fazenda abandonada. Em 2009 as famílias organizadas pelo Movimento Sem Terra ocuparam a área e desde então moram e retiram seu sustento diretamente da produção ora cultivada no Acampamento.
A fazenda foi a leilão em 2014, ignorando as presenças das famílias que ali fixaram moradia. A partir de então iniciou-se uma queda de braço na justiça do trabalho, que vem se arrastando até hoje.
Ano passado o então arrematante da propriedade se mostrou interessado em vendê-la, inclusive às famílias, através do Crédito Fundiário organizado pelo Governo do Estado através da CDA- Coordenação de Desenvolvimento Agrário. No dia 23 de setembro de 2020 ocorreu uma reunião na SERIN com representantes do MST, CDA e o proprietário arrematante onde o mesmo apresentou seu interesse em vender a área.
Ficou então encaminhado que o governo do estado estaria enviando uma equipe ao local para ajustar e orientar as famílias com relação a documentação e demais procedimentos cerca de até 25 dias após a reunião, o que não veio a ocorrer. Foi acordado ainda naquela ocasião o prazo de seis meses para que o estado pudesse vir a dirimir toda a situação perante a contratação do credito para a aquisição da área por parte das famílias.
Finalizando o prazo que se encerra no próximo dia 23 após seis meses de espera e expectativa, o Estado não cumpriu com sua parte e as famílias estão sob o risco de serem expulsas das terras que sobrevivem há mais de 11 anos, uma vez que o proprietário requereu novamente o cumprimento da liminar despachada pelo juiz do trabalho da 5ª região em Juazeiro, determinando a imissão na posse em favor do arrematante.