Por Izélia Silva e Wesley Lima
Do Voz do Movimento
Inspirados na trajetória do MST no estado da Bahia e nas últimas lutas em defesa dos trabalhadores e das trabalhadoras do campo e da cidade, o Ato Político com os Amigos dá início ao 34º Encontro Estadual do Movimento na Bahia, na manhã desta quinta-feira (17/2), no Parque de Exposições Agropecuárias de Salvador.
Mais de 50 parceiros, lideranças políticas nacionais, do estado e representantes de movimentos e organizações populares participaram da mesa de abertura do encontro, onde foi reafirmada a luta contra o bolsonarismo, a unidade entre os movimentos e organizações do povo e a construção de um projeto popular para o país.
Leninha, amiga do MST e integrante da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no estado, falou da importância do Movimento como uma referência para construção das lutas populares na Bahia. “Aprendemos com o MST a fazer fronteiras nos embates. E essa resistência nos ensinou que só a unidade vai nos ajudar na superação das desigualdades.”
Os movimentos populares representados na mesa, destacaram que a luta por direitos se apresenta com centralidade para realizar uma avanço significativo na organização do povo e o MST tem conseguido casar essas demandas: organizar os trabalhadores, alinhando a pauta econômica com a política, e tem apontado um horizonte revolucionário através da formação crítica.
Para Juliana Vaz, da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), a luta pelo acesso à terra dos povos Quilombolas e Sem Terra não se dão de maneiras diferentes. “Isso nos dá unidade política no enfrentamento, mas também na conquista de nossos territórios”, explica.
Nesse sentido, o integrante do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), Leonardo Severo, acredita que o MST cumpre um papel fundamental na sociedade, “se consolidando como uma referência na formação de militantes engajados na luta política, mas também, na resistência e no enfrentamento ao agronegócio”.
O também amigo do Movimento, pastor Joel Zeferino, falou da necessidade de nos compreendermos como “irmãs e irmãos”, desenvolvendo a capacidade de indignar-se diante das violências e desigualdades.
Representante de um dos povos Pataxós, em Coroa Vermelha, no extremo sul da Bahia, Zeca Pataxó, afirmou que a luta dos povos indígenas “se conecta com o MST na luta pela terra” e essa relação, que é histórica e ancestral, também tem permitido elaborar sobre temas estratégicos, como a soberania alimentar, a agroecologia e a organização dos territórios.
Em permanente construção
A dirigente nacional do MST, Lucinéia Durães, denunciou os ataques bolsonaristas nos últimos anos às áreas do Movimento e enfatizou a necessidade das famílias assentadas e acampadas seguirem em resistência e na construção das lutas populares.
“Precisávamos construir esse espaço de reencontro da militância com muita disciplina, porque a Covid-19 ainda não acabou, mas a nossa disciplina militante nos garante um reencontro bonito e cuidadoso”. Ela afirma que a sociedade brasileira atravessa um tempo de obscurantismo, negacionismo, de fome e miséria, por isso “é fundamental que os trabalhadores orgânicos e a militância do Movimento Sem Terra se reúna para fazer uma reflexão desse tempo”.
Com base nos objetivos do Encontro, Durães apontou ainda o desafio de organizar a esperança, “para organizar a luta e para organizar o ano de 2022, que é definitivo na vida do povo brasileiro”.
Medidas sanitárias
O 34º Encontro Estadual do MST na Bahia segue com atividades até o próximo domingo (20/2). Por conta da pandemia e a nova variante ômicron, algumas medidas de segurança sanitárias são adotadas. É obrigatória, para todos os participantes ou visitantes, a apresentação do cartão de vacina com no mínimo duas doses tomadas, o uso de máscaras PFF2 ou N95 e o distanciamento social em todos os momentos do Encontro. Não há alojamentos coletivos. Cada participante está acampado em barraca de camping.