Por coletivo de comunicação do MST na Bahia
No acampamento Palmares, localizado no município de Juazeiro, região norte da Bahia, famílias correm o risco de ser despejadas. São 80 famílias que residem nestas terras há mais de 10 anos, produzindo em 500 hectares com diversidade de produção, como uva, macaxeira, manga, coco e pinha, além da criação de caprinos, ovinos, bovinos e avicultura.
“Há um acordo que foi realizado em 2008, fruto da ocupação da Fazenda naquele ano. Uma das seis fazendas da Mariad Importações e Exportações LTDA. seria destinada para assentar famílias sem terra. Porém o acordo não obteve êxito e nada foi encaminhado neste sentido. Por isso, reocupamos em 2010 reivindicando o assentamento das famílias. A área estava ociosa, vazia e abandonada. As 80 famílias que vivem no acampamento resgataram a função social daquela terra e sobrevivem dos frutos que tiram dela. “As pessoas criaram raízes ali e não têm para onde ir em plena pandemia, caso sejam despejadas, pois suas casas foram construídas no acampamento. É lá que eles vivem”. Diz Naiara Santos da Direção Estadual do MST.
As família moram no acampamento desde novembro de 2010, desde então a terra é utilizada para agricultura familiar. As terras se encontravam em estado de abandono, sendo usadas para facilitar o tráfico de drogas para o exterior. Através da luta pela reforma agraria os trabalhadores e trabalhadoras ocuparam e residem até hoje nestas terras (que antes era utilizadas para fins criminosos), agora são usadas pelos agricultores, resgatando a função social e fortalecendo a agricultura familiar em uma região fortemente disputada pelo agronegócio.
“É muito triste saber que 80 famílias podem ser despejadas em plena pandemia, isso é crime! são 80 famílias que deram seu sangue para tonar uma terra produtiva que antes vivia abandonadas. Antes quando eram ignoradas ninguém estava nem ai para as terras, ai quando a gente chega e constrói uma vida toda aqui vem os empresários dizendo que são os donos e querem nos dar despejo. Aqui nós criamos nossos filhos, trabalhado e estudando e é dessas terras que tiramos nossos sustentos, é aqui onde podemos criar nossos animais, como aves, cabras e vacas. Ao longo desses anos fomos ampliando nossas roças de uva, macaxeira, pinha, manga e coco. Eu não quero sair daqui, porque é duro saber que você derramou todo seu suor, para que de repente ter que deixar tudo para trás só porque esse governo fascista não gosta de nós, dos pobres trabalhadores.” diz Lídia Estêvão moradora e acampada do acampamento Palmares.
As famílias do acampamento Palmares do Movimento Sem Terra lutam pelo acesso democrático a terra, garantido a soberania alimentar e defendendo que a propriedade cumpra a sua função social, produzindo alimentos que atendam as necessidade do povo do campo e da cidade.
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