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Famílias do Assentamento Goiânia em Itamaraju/BA, comemoram seus 23 anos de Luta e Resistência

Por Coletivo de Comunicação do MST/BA

Na manhã desta quarta-feira (12), as 23 famílias do Assentamento Goiana no município de Itamaraju – Extremo Sul da Bahia, tiveram um motivo especial para comemorar o aniversário de 23 anos de luta e resistência, receberam através da emenda do Deputado Federal Valmir Assunção, um Trator para contribuir com a preparação e produção de alimentos saudáveis.

“Sou filho desta região e fruto da Reforma Agrária, reconheço a importância do trator para suprimir a necessidade do trabalhador do Campo. Por isso, assumimos o compromisso de potencializar ainda mais o nosso povo. Ao direcionar um Trator Agrícola para o Assentamento Goiânia, estamos, além de honrar compromissos, fortalecendo a Zona Rural produtiva de Itamaraju, que se fortalece a cada dia”, destacou Valmir Assunção.

Famílias recebendo o trator para contribuir com a preparação e produção de alimento saudável
Famílias recebendo o trator para contribuir com a preparação do solo e produção de alimentos saudáveis.

Quem também comemorou esta conquista foi Maristela Cunha, da direção estadual do MST. Para ela, este presente significa, o fortalecimento da Agricultura Familiar e reafirmação da Reforma Agrária Popular.

“É gratificante saber que as pessoas públicas que vêm da classe trabalhadora como Valmir Assunção, estão do lado do povo honrando seus compromissos. É isso que nos faz continuar crendo na política e seguir em frente por dias cada vez melhores”, afirmou Cunha.

O ato de entrega contou a presença de algumas lideranças locais e da direção do Assentamento e Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra. Seguindo todos os protocolos de saúde.

23 anos de História

O Assentamento Goiana é fruto da Ocupação que ocorreu no dia 09 de maio de 1998, com 150 famílias, que sofreram 09 despejos na área. As famílias resistiram e conquistaram o pedaço de chão para morar e produzir alimentos saudáveis.

Bolo de aniversário do Assentamento Goiana
Bolo de aniversário do Assentamento Goiana

Dona Maria Dajuda é uma das primeiras moradoras do assentamento e conta com suas palavras como foi essa luta:

“Chegamos aqui por sonhar em ter um pedaço de terra para mora e produzir, sabíamos que não seria fácil, tínhamos um governo não que acreditava na reforma agraria como transformação social, não tivemos apoio da justiça que por sinal nos perseguiu, além da polícia, tivemos que enfrentar os pistoleiros”.

“Mas o bem venceu o mau e conquistamos essa terra, muitos ficaram para atrás. E nós nos organizamos dentro da bandeira de luta do MST, que sempre esteve conosco lutando e reivindicando melhorias para assentamento na educação, saúde, infraestrutura”, relata.

A conquista da terra foi uma grande vitória para essas famílias. A assentada dona Maria Dajuda lembra como foi difícil chegar aqui, não tinha nenhuma estrutura para o cultivo da terra:

“Não tínhamos trator, nem caminhão, a gente capinava com os braços, algumas pessoas desistiram e foram embora. Mas depois as coisas foram melhorando e hoje somos fornecedores direto para Itamaraju, com produção de farinha, queijo, pimenta, aipim, mandioca, cacau, feijão, milho, abobora e café, imagine agora com a chegada do trator? Vamos fornece para o estado todo”.Trator

Dona Dajuda, relata a alegria e emoção de participar deste momento.

“Sinto-me muito feliz, apesar ter pedido muito meu companheiro de vida na luta, Mateuzão, grande militante do MST, mas estou alegre, lutamos muitos para que hoje pudéssemos comemorar os 23 anos dessa conquista. A minha maior alegria e pode criar meus netos no sossego dessa terra, principalmente neste tempo de pandemia, que isolamento social e o melhor caminho para o enfrentamento deste vírus, aqui o isolamento é produtivo. Iniciei a minha trajetória aqui dentro e permaneci até o fim”, concluiu a assentada, entre lágrimas e risos.

“Acreditar na reforma agrária, num projeto popular de transformação social, poder contar história como essa de dona Maria Dajuda e tantas outras nos territórios do MST, nos anima a continuar na luta e buscar despertar em nossa juventude o desejo somar na luta diária”, Conclui Cunha.