Por Wesley Lima
Do Voz do Movimento
Com mais de 100 tipos de produtos, como hortaliças, frutas, mel, chocolates, farinha, cafés e sementes, o MST ocupa a Praça da Piedade, no centro de Salvador, com a realização da 6º edição da Feira Estadual da Reforma Agrária. As atividades tiveram início nesta última quinta-feira (9) e se estende até sábado (11) com a inauguração da nova loja da rede Armazém do Campo.
Na programação, estão previstas atividades de formação e debates, com o objetivo de discutir a produção de alimentos saudáveis, a construção da Reforma Agrária Popular e a luta contra o agronegócio e os agrotóxicos no Brasil.
Além disso, na Feira será discutido o tema da “Saúde Popular e Democracia: prevenção e consequências” e as relações humanas emancipadas. Vários artistas confirmaram presença na Feira, entre eles, Aluísio Nunes e Drº Ed Forró.
Para Arleu Kai, do setor de produção do MST no estado da Bahia, o Movimento Sem Terra ocupar a Praça da Piedade com a Feira da Reforma Agrária representa resistência. “Estar nesta praça para nós, com os alimentos saudáveis das trabalhadores e dos trabalhadores Sem Terra, representa a resistência dos povos tradicionais, dos quilombolas, dos indígenas, e para nós é sempre um ato de dizer para população mais carente que mora aqui, que a produção de alimentos precisa vim até as pessoas que tem uma necessidade maior.”
Como explica Kai, uma das propostas da Feira é levar alimentos saudáveis, livres de exploração e veneno, para os trabalhadores da cidade a preços justos.
Reforma Agrária paralisada
Sem a distribuição de terra no país, não há produção de alimentos saudáveis. Uma das primeiras ações do governo Bolsonaro, logo no início do seu mandato, foi a paralisação da reforma agrária por tempo indeterminado.
No dia 03 de janeiro de 2019, as superintendências regionais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) foram surpreendidas com memorandos determinando a interrupção de todos os processos para compra e desapropriação de terras. De acordo com o Incra, à época, cerca de 250 processos em andamento foram suspensos. O governo afirmou que a medida seria temporária enquanto não se definia a nova estrutura do Instituto contudo, até o momento as ações do Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA) seguem paralisadas.
Kai afirma que “hoje que temos um desgoverno, onde as políticas de acesso à terra e crédito para produção não chegam nos camponeses, nos quilombolas e nos indígenas, a Feira também nos ajuda a cobrar que a reforma agrária seja retomada em nosso país. Estamos aqui dialogando com a sociedade baiana sobre a necessidade de apoiar quem realmente coloca a comida na mesa do trabalhador”.
Ele destaca ainda que a ocupação de terra é necessária e urgente. “O povo Sem Terra ocupa terra para produzir alimentos, para produzir a vida e essa mensagem queremos passar aqui com nossa Feira”, conclui.