Na manhã desse domingo 1° de Março comemorou o aniversário de 21 anos do assentamento Baixão, localizado na cidade de Itaetê -Ba, na região da Chapada Diamantina. Há 21 anos atrás com muita luta se formou o acampamento com 340 famílias, se tornando assentamento dois anos depois.
A Fazenda pertencia ao fazendeiro Dr. Juvêncio e a mesma não cumpria sua função social e a partir de então, depois da ocupação do MST, a terra passou a produzir e gerar renda. Hoje o assentamento Baixão é referência na produção de alimentos saudáveis, e as famílias conseguem a partir da terra tirar seu sustento e viver com dignidade.
A produção gira entorno de aipim, quiabo, castanha de caju, grãos, hortaliças, aves, caprinos, ovinos, suínos e bovinos. Os festejos começaram às 05hs da manhã com uma alvorada, que contou com a participação de todos os moradores e convidados, logo após foi feito um café da manhã para todos e todas trazendo e potencializando a produção do próprio assentamento.
Após o café da manhã, deu-se início a uma plenária e a mesa foi composta pelos agricultores e agricultoras que estiveram na ocupação da área. Alguns dos moradores mais antigos do local falaram um pouco sobre como se iniciou a luta pela terra e como essa conquista influenciou e influência diretamente na continuação da Reforma Agrária Popular.
Marli Bonfim Gouvêia, 42 anos, assentada, nos conta que entrou no segundo dia de acampamento através de seu pai que lá estava, ela diz que ficou preocupada com seu pai que a dois dias não aparecia em casa, continua:
“Minha mãe ficou preocupada por meu pai tá sem ir em casa fazia dois dias então eu fui à sua procura, chegando na ocupação, acabei me acampando também “
“Ser assentada foi a maior e melhor decisão que já tomei, pois ela me trouxe dignidade completa. Hoje meu pai tem uma casa toda na cerâmica, eu ajudo na lavoura e ele consegue viver sua velhice com tranquilidade” conclui Gouvêia.
Já Abraão Brito dirigente estadual do MST diz que “celebrar esses 21 anos é especial, tende a trazer esperança para as famílias que estão na luta pela terra, são muitos anos de resistência, de cuidado com a terra e comemorar hoje significa reviver a mística da resistência”.
“Nesse período em que a classe trabalhadora e os movimentos sociais são criminalizados, com perca de direitos e retrocessos, poder celebrar 21 anos é sentir que a luta vale a pena. Essa comemoração é o momento de unificar, fazendo o trabalho de base na comunidade e debatendo junto com as famílias, é importante dialogar com a sociedade e com a juventude. Esse é o momento de organizar o povo, à volta para as ruas e denunciar as impunidades que esse governo que tem envolvimento com milícias vem fazendo com a classe trabalhadora” finaliza Brito.
Os festejos da comemoração se estende até a noite, trazendo à tona a mística e a felicidade do povo Sem Terra.