Por coletivo de comunicação do MST na Bahia
O Governo Federal lança no diário oficial da união um documento que autoriza a Força Nacional invadir assentamentos nos municípios de Prado e Mucuri.
As famílias Sem Terra do Estado da Bahia, vem através deste, repudiar veementemente, as ações de ataque do (des)Governo Federal contra à Reforma Agrária. Na manhã desta quarta-feira (02), O Ministro do Estado de Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, publicou no diário oficial a portaria n°493, de 1 de setembro de 2020, documento que autoriza a Força Nacional Brasileira a atacar as áreas do MST nos municípios de Prado e Mucuri, região do Extremo Sul da Bahia.
O Extremo Sul da Bahia está localizado em um território com ricas e férteis terras alvos de especulação financeira, do capital internacional e das oligarquias locais. Após a última eleição presidencial, o qual elegeu uma pessoa publicamente criminalizadora dos movimentos sociais populares, as famílias Sem Terra vêm sofrendo persistentes e crescentes ataques de criminalização, bem como as incansáveis tentativas de perdas das conquistas auferidas ao longo do tempo.
Por outro lado, as famílias Sem Terra atacadas na região do Extremo Sul da Bahia, são justamente aquelas que desde 2008, se organizam e denunciam o avanço indiscriminado, irresponsável e insustentável do agronegócio na região que provoca a destruição da Mata Atlântica, contamina rios e nascentes, expulsa comunidades tradicionais, povos indígenas e gera vários problemas sociais, além do aumento dos índices de desigualdade social, violência, desemprego, desequilíbrio ambiental.
Nesse período e após as reivindicações por melhores condições no campo, as famílias Sem Terra conquistaram junto ao Governo Federal e Governo do Estado, um acordo que garantia a desapropriação de mais de 25 áreas que somam mais de 33 mil hectares, destinadas para assentar as famílias Sem Terra acampadas.
Em virtude das ameaças e investidas arbitrárias destinadas pelo Governo Federal ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, manter-se organizado e em luta é fundamental para que as áreas de assentamento e acampamento permaneçam em resistência e cada vez mais fortalecidas.
Repudiamos toda e qualquer ação arbitrária por parte do Governo Federal, reiteramos que se esse mesmo governo fosse tão diligente em ajudar o povo, não estariam agora tentando criminalizar a população que acorda todo dia antes do nascer do sol e vai para a roça plantar, colher e alimentar a nação, que inclusive é dever do Governo Federal e o mesmo ‘’não tem movido uma palha’’ como se diz aqui na roça.
‘’No momento de Pandemia, o Governo põe a Força Nacional para invadir nossos assentamentos, quando na verdade deveria estar preocupado com a saúde do povo e não querendo aterrorizar e acabar com nossos sonhos. Por causa dessa pandemia a saúde deveria estar como principal preocupação do governo, zelando pelo cuidado da população e não promovendo ações que gerem aglomeração e tumulto.”
Continuaremos em luta e resistência, por que essa investida nada mais é, do que um desejo sombrio e infundado de acabar com o sonho do povo do campo. Permaneceremos produzindo, lutando, resistindo e sonhando, por que não deixaremos que nos roubem o sonho de ser livres, de viver com dignidade e de alimentar a nação.
Pátria Livre