por Lucineia Durães e Evanildo Costa, Dirigentes do MST e Militantes do PT na Bahia
para Voz do Movimento
Há três anos, a luta do MST foi ampliada. Nossa pauta histórica é a reforma agrária popular, mas ela só é possível diante de um cenário democrático. Por isso, o golpe parlamentar, midiático e judicial que assolou a política brasileira em 2016 é objeto de resistência do conjunto dos movimentos populares. Não medimos esforços na defesa da democracia, da soberania popular e contra os autoritarismos que se revelam tanto na prisão de Lula, quanto do atual governo que se revela cada vez mais reacionário.
Compreendemos que é através da unidade da luta entre os movimentos do campo e da cidade que encontraremos a força necessária para enfrentar este período de retrocessos. Por isso, contribuímos com a Frente Brasil Popular e somos parceiros da Frente Povo Sem Medo. Por isso, somos organizadores dos comitês Lula Livre e somos entusiastas da organização de frentes que defendam a Soberania Nacional e a luta em defesa da educação e na organização do congresso do povo, bem como a solidariedade ao povo em Luta, na Venezuela e Palestina .
Tais tarefas não isentam do fundamento do que é o MST. Organizar a nossa base, a produção de alimentos saudáveis a partir da agroecologia, a distribuição dos nossos alimentos e produtos através das feiras e, não menos importante, o fortalecimento contínuo das escolas no campo é nossa responsabilidade.
É diante deste contexto que acreditamos que é momento de fortalecer os instrumentos políticos para enfrentar tantos desafios. O MST organiza o povo camponês e Sem Terra para a luta em uma frente. Mas aqui queremos chamar atenção para a necessidade de fortalecermos o partido político capaz, em sentido mais amplo, de disputar projeto de sociedade, de andar de mãos dadas com as lutas dos movimentos populares.
Queremos convocar toda militância do Campo Popular para contribuir no debate e participar na organização do Processo de Eleições Diretas (PED) do Partido dos Trabalhadores (PT). Compreendemos que é vital que tenhamos um PT mais forte, de luta e comprometido com as lutas do nosso povo!
Precisamos de um Partido que tenha em seu horizonte a organização da base, que contribua na disputa ideológica e organize a luta popular com a mesma preocupação e intensidade que há na disputa eleitoral e institucional.
Compreendemos que o exercício de unidade da classe trabalhadora garante o respeito e o fortalecimento da diversidade das bandeiras de lutas populares. Participar e fortalecer o PED 2019 nos permitirá pintar o partido de povo, e assim, exercitar na prática a resistência ativa. Também permite valorizar e fortalecer instrumentos construídos historicamente pela classe trabalhadora.
Nós, da Bahia, temos uma trajetória de construção do PT, sem perder a autonomia do nosso movimento. Temos uma trajetória de debate coletivo acerca de candidaturas para vereadores, prefeitos, deputados, etc. Foi uma decisão coletiva levarmos uma das nossas lideranças, Valmir Assunção, ao cargo de deputado estadual e, posteriormente, ao cargo de deputado federal pelo PT. Foi uma decisão coletiva que levou a companheira e também liderança do MST, Vera Lúcia (a nossa Lucinha), a ocupar a Secretaria de Política para as Mulheres do estado da Bahia. Foi uma decisão coletiva que levou a companheira e também liderança do MST, Fabya Reis, a ocupar a Secretaria de Igualdade e Promoção Racial.
Afirmamos que, na Bahia, a nossa chapa para o PED de 2019 é a Optei, liderada tanto por Valmir Assunção, quanto por Lucinha. Apesar de termos como referência dois grandes militantes Sem Terra, essa não é uma chapa do MST! É uma chapa de pretos, LGBTs, mulheres, camponeses, jovens, do povo terreiro, dos (as) educadores (as), dos sindicatos. É uma chapa dos que acreditam que esse partido pode ser um instrumento de luta e de massas, por isso requer o envolvimento de todos e todas nesse PED.
Por fim, queremos lembrar aqueles que nos antecederam. Nestes 32 anos de resistência e história, nós perdemos muitos companheiros que contribuíram nessa estratégia e que poderiam estar conosco. Nossa lembrança especial ao Marcinho, por seu compromisso e lealdade ao projeto de emancipação do povo baiano e brasileiro. Sua memória é fundamental aos verdadeiros lutadores do povo e do socialismo!