Por Coletivo de Comunicação do MST/BA
Na última terça feira (31), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra realizou uma coleta de sementes dentro do Bioma Mata Atlântica. A atividade foi realizada no Assentamento Pau Brasil, no município de Itamaraju, que faz parte da Brigada Olga Benário, no Extremo Sul da Bahia.
O assentamento Pau Brasil, é o único assentamento do MST da Bahia que está na categoria de PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável), esse modelo visa a inteiração e o cuidado entre homem e natureza. Nessa categoria a maior parte da área é de mata e cacau cabruca.
Na modalidade de PDS, as famílias não se dispõem de lotes, elas têm quintais produtivos, cerca de 90% da área faz parte da Mata Atlântica.
Tendo em vista essa gama de diversidade de árvores que a mata atlântica proporciona, o MST e os agentes do Plano Nacional de Plantio de Árvores e Alimentação Saudável realizaram uma expedição de coletas de sementes que contribuíra diretamente na produção de mudas para promoção da campanha de Plantio de Arvores.
Dona Claúdia, mulher, assentada, e coordenadora, ela atua há mais de três anos como guardiã da mata e coletora de sementes, em conversa com o coletivo de comunicação diz, “Nós conquistamos essa terra desde 2007, e de lá pra cá, a nossa vida mudou drasticamente, aprendemos a viver em união com a natureza, não agredindo e ainda tirando nosso sustento daqui”.
Os princípios do PDS dialogam com a luta e com o estilo de vida que o Movimento tem vivido nos assentamentos e acampamentos da reforma agrária que é a agroecologia, que é viver em harmonia com a natureza, produzindo alimentos livres de venenos e sem agressão ao meio ambiente.
“Entendendo a realidade do nosso território, queremos expandir, vamos contribuir com sementes, com mudas e plântulas, para o avanço do Plano Nacional. Precisamos cuidar do Bioma, do meio ambiente, vamos ajudar a levar a diversidade e riqueza da Mata para todo canto do Extremo Sul”. Conclui Dona Cláudia.
Dentre as diversidades de árvores do PDS, o Pau Brasil, que inclusive sede o nome para o assentamento, é notável logo nos primeiros passos dentro da mata. A beleza, a quantidade e a imponência da árvore, saltam os olhos das pessoas que visitam.
O Pau Brasil de mais ou menos 600 anos é fruto da política de cuidado e de interação com a natureza que o MST prega através da agroecologia.
A atividade também foi referente à semana do Bioma Mata Atlântica, muitas ações de plantio aconteceram nessa semana, Sem Terrinhas, jovens e idosos estiveram plantando mudas e propagandeando a decisão política do MST em cuidar das matas e biodiversidade. A militância Sem Terra da Regional Extremo Sul esteve engajada na Semana do Bioma Mata Atlântica.
Viveiros
Dentro do princípio da agroecologia, o Movimento preza pela recuperação de nascentes, de áreas de reserva legal, áreas de preservação permanente, de recuperação do solo e tantas outras ações que visam a recuperação do ambiente degradado pelo fazendeiro. Com toda essa preocupação surge a necessidade de construir viveiros que disponibilizassem mudas que fossem subsidio para cada acampado e assentado da reforma agrária.
Iara Lopes, agrônoma, contribui atualmente na Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, afirma, “os viveiros que existem nas áreas do MST, foram uma conquista coletiva desde 2017, a proposta é produzir mudas para os assentamentos e acampamentos e doar para as famílias da Regional. Como é uma construção coletiva, as famílias estão presentes auxiliando as atividades do viveiro, desde o enchimento de sacolinhas, transplantação de mudas e de todos os trabalhos que forem necessários”.
“A distribuição das mudas acontece para os acampados e assentados, para as áreas coletivas e principalmente para avanço do Plano Nacional, e hoje essa coleta no Pau Brasil, foi de árvores nativas, como o jenipapo, a boleira, o pequi vinagreiro, a ingá e uma espécie de araticum, no caso do Pau Brasil, pela dificuldade de coleta de sementes, conseguimos várias plântulas, que com o devido cuidado, conseguiremos o manejo e o cultivo. De agosto do ano passado conseguimos cinco viveiros, e nesse curto período já foram produzidas mais de 54 espécies diferentes de árvores. A ordem do dia é produzir diversidade a partir da coleta de sementes e assim ajudar na sobrevivência do Bioma”. Finaliza Lopes.
A Regional Extremo Sul pretende avançar na construção de novos viveiros e na produção de mudas para alavancar e maximizar o plantio de árvores nos territórios de reforma agrária e da sociedade civil a partir das articulações com as ONGs, universidades, associações, com os indígenas, com os povos tradicionais, ribeirinhos e povos da mata.