Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Ontem (17), cenas de medo e desespero foram vivenciadas pelo Povo Pataxó no T.I. Barra Velha, localizado no município de Porto Seguro/BA, região do extremo sul. Onde um grupo de milícias armadas, formado por fazendeiros e pistoleiros, atacaram a comunidade Boca da Mata na tarde da quarta-feira.
Segundo vídeos divulgados pelas famílias indígenas, do Povo Pataxó, o grupo de milicianos realizou tiroteio atingindo escolas e casas na comunidade, onde muitas pessoas, inclusive crianças, fugiram para as matas em busca de se proteger. Não é a primeira vez que episódios como esse acontecem na localidade, recentemente fazendeiros expulsaram indígenas que faziam ocupação próximo a aldeia Cassiana, aldeia vizinha a Boca da Mata.
Ataques a povos indígenas e movimentos sociais no extremo sul da Bahia são recorrentes no governo Bolsonaro
Não é de hoje que povos indígenas e movimentos sociais camponeses sofrem ofensivas de milicianos e pistoleiros na região do extremo sul da Bahia. Tudo indica que a milícia armada é criada pelos fazendeiros da região com o apoio do Governo Federal, para perseguir os indígenas e os movimentos sociais.
Como em 2019, onde o ex-ministro bolsonarista do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi a Porto Seguro oficializar a “Pedra Fundamental da Privatização” do Parque Nacional do Pau-Brasil, entregando o patrimônio dos povos à iniciativa privada. Os indígenas da etnia Pataxó lutam pela demarcação desse território há décadas e nada foi feito pelo governo federal e essa ação de privatização do Parque Nacional foi mais um ataque aos povos e suas lutas. Privatização e ataques armados começam a ser constantes na região.
Movimentos sociais do campo também são alvo da ofensiva. Como em 2020, onde o bolsonarista Luiz Antonio Nabhan Garcia, até então secretário Especial dos Assuntos Fundiários, autodeclarado inimigo da reforma agrária e da demarcação de terras indígenas deu início junto a grupos de fazendeiros e milicianos da região do extremo sul, a intensos ataques em áreas ocupadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, como no caso do envio da tropa da Força Nacional, além de estimulas a desestabilização dos agricultores pelo próprio INCRA. Numa manhã de outubro de 2021, um grupo de 20 milicianos fortemente armados e encapuzados, invadiram uma assembleia que acontecia no assentamento Fábio Henrique, localizado no município do Prado/BA e atiraram em direção aos trabalhadores rurais que estavam reunidos, além de atear fogo em ônibus e carros que estavam no local.
Desde então diversas ofensivas vem acontecendo aos povos indígenas e movimentos sociais na região, uma delas aconteceu em junho deste ano, onde cerca de 60 indígenas, entre crianças, mulheres e jovens, foram ameaçados de morte.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST repudia os diversos ataques e se solidariza ao Povo Pataxó que vem sofrendo também com as ofensivas, e cobra das autoridades e governo do estado para que tomem as devidas providências.