Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Durante a manhã do segundo dia do 25º Encontro Estadual de Educadoras e Educadores do MST na Bahia, o debate girou em torno de um marco importante para a Educação do Campo no estado, a implementação da Matriz Curricular da Educação do Campo na rede estadual. A mesa foi conduzida por Poliana Reis, diretora de Educação do Campo e Comunidades Tradicionais da Secretaria de Educação da Bahia (SEC-BA), Gabriel Troilo, coordenador de Educação do Campo da SEC-BA, Sintia Paula, do setor de Educação do MST e Selidalva Gonçalves, secretária municipal de Educação de Amargosa.
Fotos: Giovanna Hora, do coletivo de comunicação do MST
A Bahia se tornou o primeiro estado do Brasil a ter uma escola do campo com currículo específico e contextualizado com o modo de vida e a cultura camponesa, atendendo às demandas históricas dos movimentos sociais pela construção de uma educação que dialogue com a realidade do campo.
“Desde 2020 estamos na produção desse currículo específico para as modalidades de Educação do Campo, Educação Escolar Quilombola, Educação Escolar Indígena, Educação de Jovens e Adultos e Educação Especial na Perspectiva Inclusiva. O Documento Curricular Referencial da Bahia para as Modalidades da Educação Básica (DCRB Modalidades), volume 3, é um documento que serve tanto à rede estadual quanto aos municípios que quiserem fazer a adesão”, explicou Poliana Reis.
O processo de construção foi coletivo e participativo, com escutas, reuniões online durante a pandemia e consultas públicas presenciais junto às comunidades. O currículo foi aprovado em 2025 pelo Conselho Estadual de Educação, e sua implementação efetiva começa em 2026.
“É um documento que vai além do currículo. Ele é um espaço de disputa de poder e de implementação do projeto de Educação do Campo que defendemos, construído de forma coletiva. Mesmo antes da aprovação final, as escolas do campo da Bahia já começaram a colocar em prática essa matriz, o que mostra a força desse processo”, ressaltou Poliana.
Poliana Reis destacou ainda que o currículo é um marco político e pedagógico para orientar não apenas o trabalho em sala de aula, mas também a formação continuada dos educadores e a produção de materiais didáticos contextualizados.
“Historicamente, os movimentos reivindicam uma educação contextualizada, que não reproduza a lógica urbanocêntrica. Esse currículo nasce dessa luta e do diálogo direto com o Fórum Estadual de Educação do Campo, sendo um referencial importante para todas as nossas ações. Ele dá direção aos materiais didáticos, à formação dos professores e à implementação das políticas públicas”, afirmou.
Fotos: Giovanna Hora, do coletivo de comunicação do MST
Com o DCRB e a matriz curricular, a Bahia dá um passo importante no desenvolvimento da Educação do Campo, reconhecendo a diversidade dos povos e comunidades tradicionais e fortalecendo o compromisso com uma educação conectada à realidade camponesa.
Os próximos passos agora são os processos de formação dos profissionais da educação, etapa essencial para que o currículo se torne prática viva nas escolas. Essas formações vão garantir que cada educadora e educador possa ter uma referência de forma crítica e contextualizada, fazendo com que as escolas do campo sejam, de fato, espaços de transformação social, de valorização da diversidade e dos saberes populares.

