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Como os sujeitos organizados constroem o MST na Bahia e a luta pela terra?

Por Isy Salles, do Coletivo de Comunicação do MST na Bahia

Fotos: Coletivo de Comunicação do MST na Bahia

Em nossa luta pela construção da Reforma Agrária Popular, fazer assembleias se tornou uma estratégia, para discutir os desafios impostos a cada sujeito que compõe o Movimento e, em coletivo, pensar as soluções. Por isso, no primeiro dia (13) do 35° Encontro Estadual do MST na Bahia, aconteceram as Assembleias de mulheres, de homens, da juventude e do coletivo LGBT Sem Terra.

Quando uma mulher avança nenhum homem retrocede

Na assembleia de mulheres foi feito o balanço da luta das mulheres e dos muitos desafios que enfrentam nessa conjuntura. A mística da reunião dos homens questionou: “O que te oprime?!”, ao qual responderam: a burguesia, o racismo, a desigualdade social, o latifúndio.

Com isso, foi possível introduzir o tema do machismo e do patriarcado, sendo estes os pilares da violência contra a classe trabalhadora e de gênero, e armas usadas pelo capitalismo no seu afã de controlar e se impor também nas formas de relações sociais. Nessa introdução ao tema, foi destacada as dificuldades nas relações para as mulheres, do trabalho à casa, dos julgamentos até às agressões físicas. As mulheres deixaram o espaço com o pedido de que os homens continuassem essa discussão, uma vez que esta precisa ser permanente e diária.

Na sequência os homens fizeram relatos de violências dentro dos assentamentos e acampamentos e chegaram ao entendimento de que o machismo é construído e alimentado desde a infância, o que acaba tornando esta uma prática costumeira e inconsciente nas formas de relações adultas, por isso é necessário cumprir a tarefa de lado a lado com as mulheres, identificar e enfrentar as práticas do machismo feitas no dia a dia.

Com a palavra de ordem: “Quando uma mulher avança, nenhum homem retrocede” todas/os assumiram o compromisso de promover o debate e o combate ao machismo e às violências em todos os nossos espaços.

Sobre essa construção, Jaziam Motta, do Setor de Gênero Estadual afirma que “As mulheres Sem Terra vem acumulando muito na luta contra o capitalismo, e todas as formas de violência que ele nos impõe, e reafirmamos o compromisso de nos mantermos despertas para derrotar o patriarcado, o machismo, o racismo, a homofobia, o agronegócio e a todas as formas de opressão. Seguiremos em luta por territórios livres de violências e com relações humanas emancipadas! Não sucumbiremos!”.

Assembleia da juventude

A assembleia da juventude do MST da Bahia ressaltou a importância da organização do coletivo de juventude Sem Terra no estado. O coletivo de juventude deve seguir organizado para pautar formação para a juventude, lutar por políticas públicas e ocupar os espaços e instâncias dentro do Movimento.

A juventude busca espaço não apenas na animação, mas também na direção do Movimento, pois a juventude é o presente e futuro desta organização e está atuante em diversas frentes, construindo a luta em prol da Reforma Agrária e da vida.

Assembleia do coletivo LGBT Sem Terra

O coletivo LGBT sem Terra na Bahia vai completar 8 anos de organização e se reuniu para discutir as metas e desafios do coletivo no Estado. Na Assembleia foi momento de ressaltar as conquistas dos movimentos sociais pelos direitos LGBT+, e pensar a partir das experiências dos sujeitos que compõem o coletivo.

Um dos desafios que se destacam é a discussão do tema nos espaços escolares, bem como a necessidade e importância de pensar a população LGBT+ mais vulnerabilizada (idosos, PCD, trans) e a saúde mental dos corpos militantes em enfrentamento. Entrou no debate a prontidão da luta por políticas públicas para os sujeitos LGBT+ do campo e a ocupação de cargos de direção dentro do Movimento.

Todos/as/es pela Reforma Agrária Popular

A direção do MST entende que a participação igualitária dos homens e das mulheres é essencial para o Movimento avançar. Nesse 35° Encontro Estadual do MST na Bahia tivemos mesas compostas por Mulheres que foram formadas nas bases, saíram dos territórios e não estão mais a serviço só do Movimento, mas da luta de classes do povo brasileiro.

Da mesma forma, projetar a juventude para participar dos quadros, deve começar no assentamento, e ser fortalecida sua participação nos espaços da direção. Igualmente defende a garantia dos direitos, da segurança e da liberdade de amar, viver e lutar dos sujeitos LGBT+ Sem Terra.

Segundo Débora Nunes, da Direção Nacional do MST “O nosso Projeto tem intencionalidade política. Isso é uma prioridade. Por isso, todos os nossos espaços são de formação, para formar sujeitos comprometidos com uma nova sociedade, livre das violências e capazes de novas relações humanas emancipadas”. Finaliza Nunes.

A luta pela terra tem objetivo central: produzir alimentos saudáveis, proteger o meio ambiente, combater a fome e o latifúndio. Mas “Não se produz alimentos saudáveis com relações doentias”, por isso o Movimento quer debater, combater as violências e encontrar, coletivamente, uma solução para acabar com esse problema, que é estruturante do capitalismo.

O centro da luta é a vida, o ser humano, são as pessoas. O MST não só ocupa, não só mata a fome, o MST muda a consciência.