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Famílias Sem Terra do Acampamento Claudia Sena reocupam latifúndio na Bahia

Despejadas e sofrendo ameaças de pistoleiros à beira da estrada, famílias acampadas retomam área improdutiva em Guaratinga, região do extremo sul

Neste sábado (28), 178 famílias Sem Terra reocuparam a fazenda Mata Verde, em Guaratinga, no extremo sul baiano.

A ação tem como objetivo dar continuidade ao processo de denúncia da improdutividade da área e realização de sua desapropriação para fins de Reforma Agrária. Denunciando também a violência causada tanto pelo despejo quanto por pistoleiros.

A reocupação é fruto de um despejo ocorrido na última quarta-feira (24), onde a polícia militar acompanhada por representantes do poder judiciário local entregaram uma liminar, obrigando a reintegração.

Após o despejo e sem ter para onde ir, as famílias passaram os últimos dias acampadas na beira da estrada do Córrego do Ouro, há 3km da área desocupada.

E a partir de então, passaram a sofrer diariamente ameaças e rondas de pistoleiros na região, que é historicamente marcada pela violência no campo.

Retomadas contra a fome, despejo e pistolagem

Eliane Oliveira, da direção estadual do MST na Bahia, informa que as famílias estão aterrorizadas tanto com o despejo quanto com as ameaças que estão sofrendo pelos pistoleiros.

“A situação está bem difícil, eu mesma sou mãe e estou aqui com minhas filhas pequenas, uma de 1 ano e outras de 5 anos, que estão no sereno, no frio, correndo risco de saúde e de vida. E os pistoleiros ficam passando todo momento nos ameaçando e constrangendo. Nós que somos mãe sabemos o sofrimento que estamos vivendo com todas as crianças e idosos que estão aqui”. sinaliza Andreia, uma das acampadas.

A direção do MST ainda afirma que a reocupação é fruto da conjuntura desastrosa que passa o país – com a volta da fome, falta de terra, teto e renda para trabalhadoras e trabalhadores. Onde denunciam tanto as violações de direitos sofridas pela ação do próprio despejo, quanto também pelos constantes ataques de grupos armados.

“Queremos que as famílias possam ter paz e não ficarem atormentadas como está acontecendo, com muita insegurança com as rondas feitas pelos pistoleiros, que tem atuado de forma muito similar a outros ataques realizados por grupos bolsonaristas na região” – alerta Eliane.

Ao retornarem à área do despejo, as famílias se depararam com os barracos queimados e as plantações destruídas.

Com a retomada, as famílias do Acampamento Claudia Sena se mantêm em resistência por Reforma Agrária, contra as violências e reivindicam a terra como uma solução imediata em ter onde morar e como se alimentar.