Imagens Paulinho e Daniel Violal, Coletivo de Comunicação do MST-BA
As áreas foram ocupadas na última semana, como forma de cobrar um compromisso feito pela multinacional papeleira de dispor terras para assentar 650 famílias na região.
A reintegração de posse ocorreu de forma pacífica e foi acompanhada pela Assistência Social, muitos policiais militares (CAEMA) e pelos seguranças da empresa. Os trabalhadores e trabalhadoras rurais que sofreram o despejo seguiram para acampamentos vizinhos.
Mesmo após a desocupação da área, as famílias reafirmaram a disposição para fazer luta, para que seja reconhecido o direito Constitucional da execução da Reforma Agrária. E aguardam com expectativa o resultado da reunião mediada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), onde estarão reunidas as partes que representam a empresa, MST, governo federal e governo estadual, nesta quarta-feira (08), às 14h, em Brasília/DF.
Impactos do deserto verde dos eucaliptos
Em denúncia, Eliane Oliveira, da direção estadual do MST-BA, afirma que “no extremo sul da Bahia, 70% das áreas agricultáveis estão sob domínio da empresa Suzano, que está nesse território há mais de três décadas, causando problemas ambientais e sociais seríssimos”.
“As famílias que moram nas áreas próximas das instalações da papeleira, sofrem com a pulverização aérea de agrotóxicos, com o sumiço das abelhas, com os problemas relacionados à escassez hídrica e envenenamento das águas nos municípios, tudo isso como impacto do deserto verde dos eucaliptos”, completa Oliveira.
A partir disso, os Sem Terra questionam a quem interessa que este modelo seja reconhecido como “produtivo”, já que é a população, os trabalhadores e trabalhadoras da região que pagam o alto custo da suposta produtividade, que enriquecem multinacionais e empobrecem os locais.
Sabemos que a agricultura familiar emprega duas vezes mais que o agronegócio. Dos mais de 15 milhões de postos de trabalho ocupados por trabalhadores e trabalhadoras rurais, mais de 10 milhões são da agricultura familiar. Já o agronegócio, do qual faz parte as papeleiras, lucram bilhões sobre a superexploração da vida e dos recursos naturais.
Por essa razão, o Movimento luta por Reforma Agrária, fazendo contraponto à concentração fundiária, pela produção agroecológica e melhores condições de vida para as pessoas que vivem no campo, combatendo pela raiz os flagelos sociais, em especial, o combate à fome, à miséria e pelo desenvolvimento do campo por meio do cumprimento da função social da terra.