Por Coletivo de Comunicação do MST/BA
Na manhã desta terça feira (28), mais de 400 famílias Sem Terra realizaram bloqueio em dois trechos da BR-101, entre os municípios de Itabela (km 763) e Teixeira de Freitas (km 860) das 9h30 às 11h. A principal pauta era um protesto contra a visita do presidente Jair Bolsonaro e por Reforma Agrária Já. A atividade seguiu todos protocolos da vigilância sanitária e da organização Mundial de Saúde, com os cuidados com a vida pertinentes em tempo de pandemia.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou diversas atividades como a ocupação da Fazenda do Grupo Chaves, no município de Itamaraju e trancamento da BR-101. As famílias Sem Terra cobram de Bolsonaro mais ação e menos fakenews, inclusive no campo da Reforma Agrária, como a regularização de 460 famílias assentadas que estão fora do Registro de Beneficiados pela Reforma Agrária (RB). Atualmente, 2.018 famílias acampadas aguardam desapropriação da terra. Desde que assumiu a presidência, seu principal esporte tem sido fazer falsas promessas, perseguições às famílias Sem Terra com as fake news e disseminação do ódio.
Em 2020, a região Extremo Sul foi palco de mandato arbitrário, através da Portaria nº 493, que autorizou a atuação da Força Nacional. Os agentes do INCRA que prometeram regularização fundiária, títulos e fomentos até o presente momento não resolveram a questão.
Após um ano da vinda da força armada e dos agentes do INCRA na região, Jair Messias Bolsonaro vem ao Extremo Sul da Bahia sem apresentar solução para resolver os conflitos agrários na região. Diante disso, as famílias das áreas de acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária decidiram passar uma mensagem em alto e bom som para o presidente, reafirmado que estão mobilizadas, em luta, para a derrota do governo fascista e genocida, que faz o país retornar ao mapa da fome.
Eliane Oliveira, da direção estadual do MST no Extremo Sul da Bahia, reafirma que importância dessas ações como forma enfrentamento ao governo Jair Bolsonaro. Destaca que se trata de uma tentativa de viabilizar um diálogo para a construção da Reforma Agrária e regularização das famílias Sem Terra na região.
“A ação questiona o governo, a propriedade privada da terra, o aumento da fome nas cidades e o descaso com a população brasileira. A recepção questiona quais as soluções que o governo federal tem para o povo do campo e para a população brasileira como um todo”, conclui Oliveira.
O governo promete títulos de terra, mas veta por completo a PL823/2021, também conhecida com PL Assis Carvalho, que tinha por objetivo fomentar a produção de alimentos saudáveis, e de medidas emergenciais de amparo aos agricultores familiares do Brasil. Essa ação se revela contraditória, pois é sabido que a agricultura familiar é que alimenta a nação.
O jogo do governo federal fica mais bizarro quando olhamos para a região do Extremo Sul da Bahia e percebemos que há mais de 2018 famílias que vivem em acampamentos e precisam ser assentadas, e nos assentamentos, são mais de 400 famílias que estão fora do Registro de Beneficiários (RB), aguardando atualização do INCRA, ou seja, de mais de 4 mil famílias, apenas 1.611 estão com a situação regularizada.