Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Para Voz do Movimento
Alimentação saudável é um direito de todos e todas, com esse lema que o MST, no seu 32° Encontro, retomou a campanha Regional “Extremo Sul pela vida: Agrotóxico Zero!”
A Regional Extremo Sul, tem na sua trajetória de luta, a resistência contra o uso de agrotóxico na produção de alimentos saudáveis por compreender que esses venenos são os responsáveis por uma série de doenças que atentam contra a saúde dos consumidores e dos trabalhadores e trabalhadoras rurais no país.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o descuido com uso dos agrotóxicos pode ser fatal e provocar doenças como, irritação nos olhos, na pele, problema respiratório, depressão, câncer em vários órgãos e distúrbio sexual, como a impotência e a esterilidade.
Em 2009 o Brasil foi o campeão no consumo de agrotóxico com cerca de um bilhão de litros jogado nas plantações. O que vem aumentando a cada ano. Isso significa que a população consome 7,2 litros de agrotóxico por ano e o país continuou a ser forte receptor de veneno proibido no exterior.
No Brasil empresas controlam 70% do mercado de agrotóxico e quatro empresas que controlam quase 66% da produção de sementes, 888 mil toneladas de agrotóxicos foram consumidas em 2015, no governo atual já foram liberados esse ano mais 382 novos tipos de agrotóxicos.
Diante deste cenário que o MST no Extremo Sul, retoma a campanha que tem como objetivo denunciar o modelo que domina a agricultura brasileira por meio de sua principal contradição: os agrotóxicos.
A campanha retoma após diversas iniciativas de articulações de organizações que desde 2010 vinham construindo uma rede em torno dessa perspectiva de luta unitária. A campanha foi lançada em 2011 denunciando os impactos severos que os venenos causam na saúde humana e o meio ambiente.
Ao mesmo tempo em que a campanha busca explicitar as contradições e malefícios gerado pelo agronegócio, ela também vem com anúncio de fortalecer a agroecologia, por esse motivo traz em sua base a preservação da natureza e a vida.
Para Felipe Campelo da Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto “Neste período a luta e resistência contra agrotóxicos se tornou uma tarefa fundamental para os movimentos e as organizações populares, pois para o agronegócio, agrotóxicos são uma espécie de calcanhar de Aquiles, eles expressam um das principais contradições deste modelo.”
Ressalta que a campanha será retomada em nível estadual, “o uso de agrotóxicos é uma contradição do agronegócio, porque por um lado não se consegue produzir em grande escala, com monocultivo sem usar veneno, mas seus efeitos na saúde e no meio ambiente são cada dia mais gritantes e difícil de ser encoberto, durante toda a sua cadeia os agrotóxicos deixam um rastro de morte e doenças. Conclui Campelo.
Uma iniciativa em defesa a vida
No ano de 2010, iniciou o debate e a concretização que se deu em 2011 com a campanha “Extremo sul pela vida: Agrotóxico zero”.
Dando pontapé inicial na construção dos assentamentos agroecológicos na região e a criação da Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto.
Segundo Meriely Oliveira, estudos apontam que para tal, são necessárias políticas públicas que apoiem a agroecologia. “É necessário criar medidas sobre como empoderar as mulheres e a juventude, dar mecanismo técnico para valorizar os conhecimentos dos agricultores e comunidades tradicionais, realizar a Reforma Agraria e avançar na produção de alimentos saudáveis”.
Situações como essas reforçam a necessidade de cada vez mais ampliar a luta contra os agrotóxicos. Oliveira coloca que precisa anunciar o potencial da agroecologia na produção de alimentos de qualidade.
E preciso ampliar as parcerias, envolver mais setores do campo e da cidade na campanha contra os agrotóxicos. Buscar formas de aproximar os produtores de alimentos com qualidade daqueles que queremos consumir”.
“Agroecologia para nós, além de uma ciência, é uma forma de vida, de luta, de resistência e de construção de novo formato de relação com a natureza e respeitando os princípios ecológicos de cada bioma e entendendo-a como um processo construído coletivamente”. Finaliza Oliveira
Experiência da campanha na região
Através da Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto (EPAAEB), tem contribuído diariamente nesta tarefa, realizando atividades de intercâmbios entre assentamentos do MST e povos tradicionais da Mata Atlântica, por meio de cursos, seminários, atividades formativas, dentre outros.
As atividades giraram entorno da produção, com criação de quintais produtivos agroecológicos, implantação de sistema agroflorestais (SAFs), produção de insumos ecológicos e utilização de adubos verdes e sementes crioulas, além de cursos técnicos em agroecologia e educação do campo.
Para saber mais sobre a campanha acesse:
www.escolapopularagroecologia.wordpress.com
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