Trabalhadores e trabalhadoras rurais do assentamento Fabio Henrique no município de Prado, extremo sul da Bahia, mesmo sem poder festejar devido à pandemia causada pelo Coronavírus (Covid-19), comemoraram nessa quinta (26), quatro anos da conquista da terra.
Para as 172 famílias assentadas essa data traz consigo uma importante simbologia, principalmente pela luta e resistência em construir um assentamento que respeite as diretrizes agroecológicas e carrega o nome de um grande companheiro tombado na luta.
História de resistência dos trabalhadores
O assentamento Fábio Henrique formado pela união dos antigos acampamentos São João e herdeiros da terra é resultado da luta dos trabalhadores e trabalhadoras rurais que ocuparam a fazenda Pombo Roxo em 2007, no extremo sul do estado. A desapropriação de terra aconteceu por meio de um acordo firmado em entre ESALQ e Suzano Celulose, através do Governador do estado da época, Jacques Vagner, devido os conflitos no campo.
As famílias sofreram dois despejos violentos, ameaças, destruição das casas e lavouras como forma de intimidar e combater a luta dos camponeses e camponesas que ocupavam a área. Apesar das investidas feitas pelo latifúndio os trabalhadores não desistiram, e em 2016 receberam o parcelamento dos lotes permanecendo até hoje na luta por uma vida digna e por uma transformação social.
Produzir alimentos
De acordo com Gabriela Lopes da direção estadual do MST e moradora do assentamento Fábio Henrique, na época da ocupação só havia uma extensa plantação de eucalipto. Mas que a partir de um trabalho coletivo realizado no decorrer dos anos pela comunidade, tornou-se um local com uma produção diversificada de alimentos que foi crescendo de forma agroecológica e cumprindo a importante função ecológica, economia e social fundamental para a soberania alimentar da sociedade.
Com o passar do tempo o Fabio Henrique obteve inúmeras conquistas, como o primeiro plantio de arroz orgânico da Bahia ocorrido em 2019, farinheira coletiva, um trator que contribui para o avanço da produção de alimentos e espaços em feiras locais, fomentando a autonomia e protagonismo dos trabalhadores e trabalhadoras do assentamento e construindo relação campo e cidade. Conclui Lopes
Os produtos são feitos a partir do que os assentados plantam, sem agrotóxicos e sem agressão ao meio ambiente. Sabemos o quanto é importante pensarmos em mecanismos que nos permita ter uma produção justa com o meio ambiente e acessível para todos e todas. É com esse pensamento que comemoramos e seguimos erguendo a nossa bandeira.