Por coletivo de comunicação do MST na Bahia
Para Voz do Movimento
Cerca de 750 hectares de terras ocupadas por Sem Terras estão garantindo a produção de alimentos, contribuindo para gerar renda de cerca de 250 famílias, que antes não tinham onde cultivar, muito menos o acesso a terra. São estas mesmas famílias, que fazem o uso social da terra, garantindo a soberania alimentar no campo com a produção de alimentos, que estão sendo ameaçadas de despejo pela justiça.
São dois Acampamentos no Nilo Coelho que estão sofrendo essa ameaça, os dois existem há quase oito anos.
As áreas estão localizadas no norte da Bahia, em Casa Nova município de Juazeiro, os assentamentos são do perímetro irrigado do vale do Salitre que é abastecido pelo Rio Sao Francisco.
Juntos eles garantem que mais de setecentas pessoas consigam ter acesso a terra e desenvolvam uma agropecuária familiar , além do fortalecimento dos laços identitários e culturais. No entanto, a justiça, através da vara Federal, o Juiz Pablo Baldivieso, promove uma ação de despejo, ameaçando, não somente a oferta de alimentos, mas o direito básico a terra.
Na manhã desta segunda feira (16/09) as famílias Do Acampamento Iranir de Souza e Acampamento Irmã Dorothy iniciaram o dia recebendo uma liminar de despejo entregue por oficial da Justiça Federal, e com isso um prazo de 15 dias para que possam desocupar a área.
‘’O sonho de conseguir trabalhar e viver sem ameaças de perder tudo que foi conquistado ao longo de quase oito anos se faz presente no coração de todos, por isso, às famílias reafirmam que irão resistir para garantir a permanência na terra’’, afirma Leidiane Gomes, militante do MST.
Realidade dos Acampamentos
a realidade de mudanças e conquistas o Acampamento Iranir de Souza e Acampamento Irmã Dorothy situado no município de Casa Nova, em uma área administrada pela Codevasf, no Projeto Senador Nilo Coelho. Hoje com cerca de 700 pessoas entre crianças, jovens, idosos e gestantes, a produção gerada no acampamento garante melhor qualidade de vida das famílias, gerando emprego e renda produzindo alimentos saudáveis através da agricultura familiar .
Parte da produção abastece as feiras locais e a outra o mercado do produtor, em Juazeiro.
Nas áreas tem duas escolas do infantil ao fundamental I e II e modalidade de EJA (Educação de jovens e adultos) que atende a mais de 150 alunos, com 12 funcionários/as.
“Cheguei muito pequena no acampamento, minha mãe veio com minha família morar aqui fugindo das muitas dificuldades que ela enfrentava para nos criar, aqui não nos falta nada temos tudo pra ser felizes alimentação da nossa roça , escola, moradia e amigos de verdade, se a gente for tirado de nossa terra não teremos para onde ir”. Afirma Wilca Rodrigues ,aluna do 6° ano da Escola Municipal Iranir de Souza
Diante de todas estas transformações sociais ocorridas a partir do uso apropriado da terra por estas famílias, o MST avalia que as ameaças de despejos fazem parte de uma perseguição ao Movimento, que tem uma luta legítima pela Reforma Agrária no país.
O MST luta para que a ordem de despejo seja arquivada, e reafirmar que o judiciário golpista está cada vez mais arbitrário em relação às ocupações de terra e repudia essa prática de perseguição as famílias Sem Terra.
Continuaremos em luta e resistência para que os sonhos dos trabalhadores e trabalhadoras do campo não se perca por arbitrariedade.