Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Para Voz do Movimento
Foi ao som de tambores, gritos de ordem, mística e muita música que
as Mulheres Sem Terra do estado da Bahia, realizaram a jornada de
lutas nesta segunda- feira (09), com o tema “Mulheres em luta:
Semeando a resistência”, reunindo mulheres do campo da cidade com
objetivo de debater o protagonismo das mulheres nesta atual
conjuntura, se colocando firmes contra a violência de gênero e na
defesa da democracia e dos direitos.
Para as
companheiras “sabemos que o mês de março está carregada de
significado histórico para a organização das mulheres no mundo,
não é motivo algum de comemoração, mas, sim, um momento de
denúncia das injustiças”.
O Brasil, infelizmente, ainda é um país extremamente machista onde há muitas questões a serem pautadas, desde a reforma agrária até o feminicídio – nosso país amarga o quinto lugar no ranking dos que mais matam mulheres, segundo dados da Organizações das Nações Unidas (ONU).
Pensando nessas questões e em como atuar, contrapondo e resistindo ao patriarcado e em como ele deseja exterminar as mulheres que foram desenvolvidas várias atividades pela Bahia.
Plenárias no Extremo Sul da Bahia
A atividade
que contou com a presença da Secretária Fábia Reis da Secretaria
de Promoção Igualdade Racial (SEPROMI), que ressaltou a importância
do espaço como esse para dialogar com as mulheres sobre questões
como: violência e discriminação racial, “A Bahia é o estado
mais negro do país, e segundo o Atlas da Violência de 2018, o
estado ocupou o segundo lugar em termos absolutos de mortes de
mulheres”.
“Ha uma
necessidade real de debatermos o lugar da mulher e principalmente a
nossa sobrevivência, somos pretas, somos mulheres, existimos e vamos
lutar por nossos direitos”.
As plenárias de mulheres é
uma ferramenta importante para fortalecer o diálogo entre o campo e
a cidade que visa a emancipação das companheiras.
Atividade reuniu
mais de 600 mulheres em toda regional Extremo Sul, com plenárias em
Prado, Itabela e Porto Seguro com mulheres do campo, cidade,
sindicato entre outros segmentos político da região.
De acordo com
Eleneuda Lopes dirigente estadual do MST, “nós, mulheres, queremos
ficar vivas. Em defesa da vida, lembramos de nossas companheiras
lutadoras que se foram: Margarida Alves, Dandara, Berta Cárceres,
Marielle Franco e tantas outras mortas de forma violenta na luta por
um mundo mais justo”.
“Nós precisamos colocar o debate da Reforma Agrária Popular nas trincheiras da luta política. Isso é estratégico para nosso Movimento e acreditamos que as mulheres são um dos pilares fundamentais para protagonizarem essa luta”, pontua Lopes.
Plenárias no Nordeste da Bahia
Aconteceu no acampamento Belo Monte no município de Jeremoabo no
Nordeste da Bahia a assembleia.
Mais 100 mulheres celebraram o
dia Internacional das mulheres com luta e animação, além de
discutir sobre os direitos das mulheres, feminicídio, machismo e
todas as formas de opressão contra as mulheres, depois de todo o
debate o grito de ordem que ganhou força foi: “lugar de mulher é
onde ela quiser”.
Segundo Aline Silva assentada e da direção regional, “o
tema da mulher sem terra gera uma discussão muito proveitosa, nos
leva enquanto sujeitas do campo pensar o lugar que vivemos e como
atuar no mesmo, além de elevar nossa consciência e reafirma que
podemos sim ocupar o lugar o nosso lugar de direito”. Conclui Silva
Luta no Norte da Bahia
Com mais de 600 mulheres mobilizadas e prontas pra luta, que a regional Norte ocupou as ruas de Juazeiro da Bahia na última segunda (09/03), para protestar contra os desmandos sofridos, o descaso do governo contra as famílias acampadas e assentadas, contra a violência contra as mulheres e o feminicídio.
Para além de todas as pautas, as companheiras ocuparam também a empresa Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF), que descumpriu o acordo firmado com o governo federal e as famílias acampadas e assentadas.
Denunciam a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e o Governo Federal pelo não cumprimento do acordo de assentar 800 famílias Sem-Terra, conforme Termo de acordo celebrado em 2008, entre a Casa Civil, a Secretaria Geral da Presidência da República, a CODEVASF, o INCRA, a Ouvidoria Agrária Nacional e as famílias Sem Terra.
No fim do ano passado mais de 650 famílias foram despejadas violentamente dos acampamentos Abril Vermelho, em Juazeiro, Iranir de Souza e Irmã Dorothy, em Casa Nova, no dia 25 de novembro de 2019. Em consequência, vários tratores da empresa, escoltados pela Polícia Federal, destruíram casas, escolas, igrejas, postos de saúde plantações das famílias.
“Tentaram destruir os sonhos das famílias, mas não arredaremos o pé de ser livre e conquistar nosso pedaço de terra e lutar pela emancipação de todas as mulheres” gritavam as trabalhadoras.