Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Do Voz do Movimento
Entre os dias 04 e 05 de dezembro, o MST levou para um dos maiores estádios de futebol da Bahia, o Pituaçu, localizado em Salvador, a final da 1º Copa Estadual da Reforma Agrária.
A Copa tem organizado e mobilizado trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra em torno do futebol, a partir de campeonatos nas regiões, garantindo a participação de 200 times masculinos e femininos. Em Salvador, um time de cada região disputou uma vaga na grande final.
Mas, não é só futebol que o MST propõe ao ocupar o Pituaçu. Além de envolver todas as famílias Sem Terra no processo de participação da Copa, organizando times e disputamos em suas regiões, a iniciativa provocou debates em torno do esporte e da cultura, com foco no papel que essas duas dimensões se articulam na luta pela Reforma Agrária Popular.
Leandro Santos, da direção estadual do MST, explica que o objetivo da Copa da Reforma Agrária “é mostrar para os companheiros e companheiras e para sociedade em geral que o MST está organizado, não apenas em torno da luta terra, mas em todas as lutas da classe trabalhadora, entre elas, as que acontecem no campo cultural e esportivo”.
E enfatiza: “Porque a nossa luta também é para ocupar outros espaços, como as universidades, os teatros e os estádios de futebol”.
Nesse sentido, Isa Paim, do coletivo de juventude do MST, explica que para realização dessa atividade foi necessário construir um processo amplo de organização em torno da prática esportiva. Ela conta que a 1º Copa Estadual da Reforma Agrária conseguiu mobilizar uma parcela significativa da base assentada e acampada do MST no estado, garantindo, principalmente, a participação da juventude, homens e mulheres negras.
“Somente aqui no Pituaçu, estamos mobilizando um público de 1300 pessoas. E nosso foco é fortalecer ainda mais o debate da juventude do campo e da cidade, assim como, o protagonismo da juventude negra”, diz.
Um momento histórico para os Sem Terra baianos
A 1º Copa Estadual da Reforma Agrária recupera o tradicional “Jogos Abertos da Reforma Agrária”, que desde o final dos anos 90 e início dos anos 2000, ocupa campos de futebol no interior da Bahia, reunindo times de assentamentos e acampamentos do MST, mas também times de amigos, movimentos urbanos e parceiros da luta pela Reforma Agrária.
As avaliações realizadas em torno desta edição da Copa são as melhores possíveis. Segundo Leandro, o evento deixa aprendizados importantes: “A Copa mostra que o esporte é laser e que recupera vidas tanto no campo quanto para cidade. Em especial para a luta das mulheres. Pois as mulheres Sem Terra negras ocupam esse espaço chutando com força toda lógica de opressão, exploração e dominação da vida das trabalhadoras. É bonito demais estar aqui”.
Pensando nisso, Victor Passos, também da direção estadual do MST, afirma que “a Copa marca um momento na história do povo camponês” e continua: “Em nenhum momento, o povo camponês baiano conseguiu ocupar um espaço esportivo tão importante como o Estágio do Pituaçu. E ocupamos esse espaço com o objetivo de elevar o nível cultural com futebol. Aqui não é uma competição, mas sim, uma grande festa para celebrar a luta e a conquista dos trabalhadores e das trabalhadoras”.
Resultados da grande final
Após muitas partidas entre as dez regiões do estado, a final feminina foi disputada entre o time da região Recôncavo e Extremo Sul. Nos pênaltis, o Recôncavo saiu frente no placar final de 3X2.
A final masculina levou para campo os jogadores da região Baixo Sul e do Extremo Sul. Numa partida dura o Extremo Sul vence de 1X0. Para comemorar a realização da Copa, todos os times, das dez regiões, levaram para casa medalhas e troféus com a simbologia desse momento.