Com doações de alimentos, plantios de arvores, plenária virtual de debates com Mulheres Sem Terras e atos contra Bolsonaro, MST dá início a Jornada Nacional de Luta das Mulheres na Bahia.
Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
De 08 a 14 desse mês, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra realiza uma Jornada de Luta das Mulheres em todo o País. Na Bahia, essa segunda feira foi marcada por atos de solidariedade, preservação e recuperação da natureza, e debates por meio de plenária virtual, discutindo o tema: Mulheres pela a vida semeando a resistência, contra a fome e as violências.
E como quem semeia a resistência, as mulheres plantaram mais de 3.385 mudas de arvores e doaram cerca de 20 toneladas de alimentos em todas as regiões do estado da Bahia.
Plenária Virtual de Mulheres
Na Chapada Diamantina, as companheiras plantaram arvores e, durante o período da tarde, realizaram uma plenária virtual onde discutiram temas como a crise sanitária, intensificada pela efetivação da política genocida do Governo Bolsonaro, o desmonte de direitos da classe trabalhadora que tem atingido toda a população, mas que, porém, os impactos na vida das mulheres, camponeses/as, negros/as, LGBTs, povos de terreiro e demais grupos vulnerabilizados tem sido ainda mais perverso.
Durante a plenária, a companheira Beth – ex-dirigenta nacional do MST, citou não haver uma sensação para comemorar. Para ela, esse 8 de março, é um momento de resistir, como tem sido os últimos tempos. “Um momento de resistir a perda de direitos, resistir a violência, resistir ao machismo, resistir ao sexíssimo, resistir a tudo que nos oprime. Mas não só resistir, como também avançar” ressalta.
“Eu acho que é o momento da rebeldia, é o momento de mostrar a cara, é o momento de enfrentamento, e mesmo que nesse momento a gente não possa fazer isso da forma que a gente sempre fez, que é ir para as ruas, é colocar o nosso lenço no rosto, é pegar o nosso facão, é ir para a ocupação de terra, é ir para a ocupação dos órgãos, que é ir direto aos nossos inimigos, mas nós temos como fazer isso, nos organizando” Afirma Beth.
Para ela, esse é um momento de semear a resistência de se preparar cada vez mais para os momentos que virão.
Já a companheira Lucineia Durães – atual Dirigenta Nacional do MST pelo estado da Bahia, realizou uma análise de conjuntura, falou sobre a crise econômica, sanitária, ambiental, e política qual estamos vivendo. “O que nós estamos vivendo hoje é resultado de um conluio que foi feito das elites brasileiras para derrotar o neodesenvolvimentismo, um projeto de governo que a gente viveu nos governos de esquerda, que foi de fazer algum tipo de distribuição de renda”, afirma.
De acordo com Lucineia, esse conluio para derrotar o neodesenvolvimentismo, se extrapolou e prejudicou definitivamente não só a economia, mas especialmente a democracia, porque ele proporcionou o assenso da extrema direita, o que colocou no poder um presidente que não tem responsabilidade com o povo brasileiro.
“Mas isso não é um projeto individual, é importante que a gente saiba que esse é um projeto da extrema direita, que é o projeto de irresponsabilidade e descuidado com o povo brasileiro” argumenta Durães.
Lucineia falou também sobre o encolhimento da economia e sobre o pior momento da pandemia no país, pois a falta de uma política séria de proteção da população e de produção de comida, a crise econômica que se agravou com a Pandemia de COVID 19, colocou de novo o Brasil no mapa da fome. Para ela, as mortes têm aumentado devido a irresponsabilidade do governo que não investe em vacinas e incentiva o povo a se aglomerar.
A atividade foi coordenada pela Companheira Simone – Dirigente Estadual do MST, e participaram de forma individual e através de grupos coletivos, cerca de 200 companheiras, entre elas, importantes lideranças do senário social e político do estado.
Durante as falas, as mulheres debateram a respeito da Fome e da Violência, Vacinação já e Volta Auxílio Emergencial com crédito emergencial para Agricultura Familiar, e da importância de lutar contra o atual desgoverno, e dizer: Fora Bolsonaro!
Atos de Solidariedade e Plantio de Arvores ocorreram em todo o Estado
No Extremo Sul do Estado, o dia foi marcado por atos de solidariedade. Mulheres Sem Terra organizadas por meio da Brigada Joaquim Ribeiro, realizaram doação de alimentos para o Lar do Idoso no município de Alcobaça. Em Eunápolis, Mulheres organizadas pela Brigada Elias do Paraná doaram alimentos à Casa de Apoio à Criança e ao Adolescente que atende crianças e adolescentes em situação de violência, ao Recanto dos Idosos, em que, ao todo foram 23 idosos beneficiados, e ao Centro Pop, que atende moradores em situação de rua.
Ao todo, mais de 04 toneladas de alimentos produzidos em territórios Sem Terra foram doadas em Eunápolis.
Em Itamaraju, agricultoras Sem Terras da Brigada Olga Benário realizaram doação de alimentos a Creche Arco Íris no município. Foram doadas cerca de 2000 toneladas entre eles mandioca, abóbora, banana, alfaces, mamão e cana.
No município de Itabela, as Mulheres Sem Terra da Brigada Chê Guevara realizaram a distribuição de cestas agroecológicas em bairros periféricos do município. Foram doadas cerca de 4000 toneladas de alimento, entre eles mandioca, abóbora, banana alfaces, cacau e mamão. Além dos cafés da manhã coletivo em homenagem as mulheres que aconteceu nas áreas de assentamentos e acampamento que compõem
Em Itabatã/BA, as mulheres organizadas na Brigada Aloísio Alexandre doaram 2000 toneladas de alimentos ao Hospital São José, e no assentamento Zumbi em Mucuri as mulheres realizaram o café coletivo. As mulheres da Brigada Nelson Mandela, realizaram a doação de cerca de 3.000 toneladas de alimentos ao Lar dos Idosos no município de Medeiros Netos. E no acampamento Hugo Chaves – município de Medeiros Neto – BA, as companheiras realizaram um ato de formação e, logo depois, uma roça para produção de alimentos saudáveis.
Durante a atividade, além da luta contra todas as formas de opressão e violência, as mulheres discutiram a necessidade e a urgência da vacinação para todas e todos os Brasileiros, a manutenção do auxílio emergencial e o aumento abusivo dos preços dos alimentos e da pobreza no país.
Na Regional Chapada Diamantina, as mulheres plantaram 1790 mudas de arvores, o plantio ocorreu em Assentamentos organizados por meio das Brigadas Dorothy, Maria da Glória, Valdete Correia, Zacarias e Brigada Fabio Santos.
Cantando e gritando “Fora Bolsonaro”, as Companheiras plantaram arvores nos Assentamentos Boa Nova, município de Cafarnaum/BA, Assentamento 19 de Março e Nova Suíça em Tapiramutá – BA, no Pré-assentamento Margarida Alves – município de Andaraí – BA, Baixão em Itaetê – BA, e Encanto das Águas no município de Lajedo do Tabocal.
No Sudoeste da Bahia, os atos de solidariedade ocorreram no município de Vitoria da Conquista. As Mulheres Sem Terras realizaram doações de cerca de Duas Toneladas de alimentos no Bairro Bruno Bacelar e na Casa do Menor, no município.
Já na Regional Baixo Sul, as mulheres do MST, organizadas nas Brigadas Costa do Dendê, O’jefferson Santos e Dandara, sob o lema: “Marielle Vive! ”, realizaram plantios de diversas árvores. No município de Iguaí – BA, organizadas na da Brigada Pedro de Almeida, como símbolo de resistência, as companheiras realizaram o plantio de 120 mudas de árvores.
Na Regional Recôncavo, mulheres do Assentamento Nova Suíça fizeram um lindo ato de plantio de árvores e reafirmando a # Fora Bolsonaro.
E na Regional Norte, as mulheres das Brigadas Egídio Brunetto, Sertão e Pau de Colher realizaram um plantio de 1475 mudas de árvores nativas e frutíferas como o ponta pé inicial na jornada de luta das mulheres Sem Terras. Os plantios aconteceram nos assentamentos Nelson Mandela em Ponto Novo, e Estrada da Liberdade em Campo Formoso, Antônio Guilhermino em Sento Sé, e São José em Casa Nova, cada muda plantada são os símbolos de luta e resistência.
Na Regional Nordeste da Bahia, as ações começaram na última sexta-feira (05/03), as mulheres doaram três toneladas de alimentos e trezentos litros de leite para a população carente do município de Santa Brígida, e no sábado, organizaram a construção de hortas agroecológicas no Assentamento Bom Jardim. Elas também plantaram arvores no Assentamento Maria Bonita, e no Assentamento São José, realizaram a construção de hortas medicinais.
Já na Regional Sul do estado as atividades ocorrem durante o dia 09, as Mulheres realizaram a doação de cerca de 5 toneladas de alimentos. A ação aconteceu no Bairro Bananeira, no município de Itabuna.
Até o dia 14 ocorrerão diversas ações em todo o estado. As mulheres Sem Terras continuarão a espalhar solidariedade, lutar pela vida, em defesa do SUS, por vacina para todas as pessoas, cuidar da natureza e semear a resistência contra a fome, e todas as formas de violências.