Por coletivo de comunicação do MST na Bahia
Para Voz do Movimento
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra foi criado na Bahia em 1987, começou sua formação na cidade de Itamaraju no extremo sul da Bahia.
Ainda na sua gênese o MST realizou sua primeira ocupação de terras, foi no município de Alcobaça, e o acampamento recebeu o nome de 40/45, foi um acampamento massivo com mais de 600 famílias.
Para José Mendes da Mota, Dirigente Estadual do MST, que participou da primeira ocupação na Bahia, “ É gratificante e emocionante fazer parte desse movimento, muitos não sabem, mas foi esse movimento que mudou a minha vida e da minha família, e hoje eu poder contribuir não tem preço, o MST faz luta pela terra e dá dignidade de vida , realiza sonhos e gera esperança.
Hoje se completa 32 anos de existência, mas são 32 anos de luta social e responsabilidade para com o povo trabalhador, e a história do MST, é a história do povo, é o sonho realizado, a dignidade para cada trabalhador e trabalhadora e a oportunidade de ser livre”, afirma Mota.
Dai por diante o MST se expandiu e hoje está presente em toda a Bahia, lutando contra essa lógica capitalista onde aprisiona o trabalhador e a trabalhadora, os fazendo escravos do sistema.
Inicialmente o MST lutava por Terra, Reforma Agrária e Transformação Social, e ao longo desses 32 anos de existência e resistência na Bahia, foram acrescidas algumas bandeiras de luta, as lutas das LGBTS, das Mulheres, da agroecologia, dos jovens, dos negros e muitas outras, além de manter as primeiras.
O MST se tornou uma potência na luta de classes representando a classe trabalhadora, o seu vínculo com a base , tem feito do mesmo o maior movimento de massa da américa latina.
O MST organiza o povo camponês e Sem Terra para a luta, acreditamos que os momentos que enfrentamos, contribuiu para nos fortalecer enquanto instrumento político, nossa pauta histórica é a reforma agrária popular, mas ela só é possível diante de um cenário democrático.
“ O MST completa hoje 32 anos, 32 anos de luta e muito enfrentamento, e infelizmente nessa jornada perdemos diversos companheiros e companheiras em situação de conflito, por covardia do latifúndio, por morte natural, mas nessa jornada tivemos muitas conquistas, por que primeiramente conquistamos a esperança para lutar e enfrentar a covardia dos grandes fazendeiros e a crueldade do sistema capitalista, para enfrentar o estado e mostrar que somos cidadãos e cidadãs de direito, exigindo que seja implementado o artigo 184 da constituição federal , que é a desapropriação das terras que não cumprem seu função social” explana Lucinéia Durães, dirigente nacional do MST, e continua
“durante esses anos , através de nossas lutas foram conquistados diversos acampamentos e temos quase 200 assentamentos, conquistamos uma legião de pessoas alfabetizadas que caminham e vivem com dignidade, que tem moradia, que tem esperança e quem contribuído com o desenvolvimento da nossa sociedade, nessa caminha conquistamos muitas escolas e para além das escolas, temos conquistado o direito de fazer formação política para entender que nessa disputa, não lutamos contra o nosso vizinho , disputamos a classe, é a classe dominante contra a classe trabalhadora, e a partir daí avançar da consciência ingênua para a consciência crítica, para poder questionar a realidade.
Avançamos na produção de alimentos e rompendo com esse jeito de produzir convencionalmente que é com veneno, trazemos um novo modelo que não agride a natureza e preserva a vida, através do debate da agroecologia, enquanto matriz tecnológica para desenvolvimento da reforma agrária popular avançou na organização da nossa juventude, de organizar as nossas crianças e a infância sem terra, a juventude camponesa para que a mesma tenha perspectiva de vida e poder escolher viver no campo.
Avançamos dentro dos nossos assentamentos, na questão da paridade e questão de gênero , nesse sentido as nossas companheiras tem tido um papel fundamental de organizar a rebeldia feminina que carrega cada dia mais o nosso movimento rumo a uma sociedade igualitária, justa e fraterna junto com o feminismo camponês popular.
Por isso que continuamos a fazer enfrentamento diário para garantir nosso direito a vida, hoje passamos de 22 mil famílias acampadas na Bahia.
Estamos radiantes por comemorar 32 anos de luta e resistência, mas ainda sabemos que nosso papel não foi cumprido, papel de democratização da terra. Estamos firmes na luta dessa nova sociedade, continuaremos em luta contra a propriedade privada improdutiva que impede a classe trabalhadora de ser livre.
Seremos luta e resistência, principalmente com esse desgoverno que insiste em atacar a classe trabalhadora com os retrocessos.
Nesse momento de aniversario gostaríamos de reafirma nosso compromisso revolucionário com a classe trabalhadora e dizer que estaremos em luta, e não sairemos das ruas até que seja reestabelecida a democracia nesse país, até que consigamos libertar o presidente Lula, para que possamos emanar esperança em todos os lugares e pessoas, para assim organizar o levante da classe trabalhadora” conclui Durães.
Nesses anos de existência, o MST se consolidou na Bahia e têm o respeito da sociedade pelo trabalho desenvolvido com seriedade com as causas humanistas e pelas lutas sociais e busca organizar o povo do campo para a liberdade social.